O que é Dispraxia?

Associação Brasileira de Apraxia da Fala Na Infância e Adolescência

O que é Dispraxia?

Um artigo de visão geral sobre o que é Dispraxia, incluindo sinais e sintomas e quais tratamentos estão disponíveis. Dispraxia é amplamente definida como um transtorno neurológico de coordenação motora que envolve dificuldade em pensar e movimento planejado.

O que é Dispraxia?

Para entender o que é dispraxia, primeiro devemos aprender o que é “praxia”.
Praxia é da palavra grega “praxis”, que significa processo de movimento.
Praxis é o processo pelo qual descobrimos como planejar nossas ações e mover nossos corpos facilmente para alcançar um objetivo.

Praxis permite que a criança pequena (depois de muitos testes e erros) aprenda a realizar movimentos motores amplos e finos, como rastejar, andar, correr, pular e saltar. Além disso, ele permite que a criança aprenda a fazer muitas outras tarefas mais complexas, como se vestir, amarrar seus próprios laços de sapato, manejar uma faca e garfo na mesa sem fazer uma grande bagunça e nadar

Quando a criança entra na escola, praxis é o processo usado para aprender uma infinidade de novas tarefas, como escrever, lembrar de como fazer uma longa divisão, planejar e escrever uma história ou ensaio, pegar uma bola e jogá-la de volta para um parceiro, acertar a bola na cestae aprender novas habilidades em ginástica.

Os movimentos desenvolvidos através da práxis não são movimentos reflexivos ou automáticos, como os reflexos primitivos de sucção e “agarramento”. São movimentos que são propositados, escolhidos e requerem planejamento.

Como o processo de Praxis funciona?

1. Primeiro deve vir a idéia ou objetivo.

O objetivo de um bebê poderia ser “subir um degrau“, “fazer chegar essa colher na minha boca” colocar esses blocos naquela caixa “ou” sair do meu berço e encontrar a Mãe”.
O objetivo surge como resultado de muitas horas de experiência sensorial no meio ambiente, absorvendo sons, visões, texturas, cheiros, 
sabores e experimentando movimento do corpo, no processo de conscientização do corpo e orientação de consciência espacial.

Uma vasta gama de informações sensoriais relacionadas precisarão estar disponíveisas quais foram processadas e armazenadas no banco de memória sensorial através da experiência prévia, antes que a tarefa possa ser tentada.

2. Então o plano de ação deve ser formulado.

Isso é resolvido pela parte do planejamento motor do cérebro no lobo parietal. Deve decidir antes de qualquer outra coisa acontecer quais posições as várias partes do corpo precisarão estar durante esta tarefa, quais músculos serão necessários, quais devem ser contraídos ou esticados, como os dedos e as mãos devem se mover para alcançar o objetivo e também a seqüência de todos esses movimentos.
Por exemplo, se o objetivo é subir um 
degrau, o cérebro deve escolher quais músculos serão necessários para cada pequeno segmento do plano, que pode parecer algo assim:
1. Mova uma mão para cima 
do degrau;

2. Mova a outra mão para cima do degrau;

3. Mova os joelhos para o degrau, um de cada vez;

4. Vire-se;

5. Finalmente, sente-se para admirar a visão.

3. Execução do plano

Os outros sentidos de equilíbrio, auto-movimento e propriocepção também estão envolvidos e todos os sentidos precisam estar funcionando de forma adequada à idade para que a criança possa realizar com sucesso o plano.

É aqui que tudo se junta: a experiência sensorial inicial, a formação do objetivo, o plano motor e a execução desse plano. Se tudo correr bem, a criança aprende uma nova habilidade, usufrui de uma nova experiência sensorial e, com alguma repetição e persistência, pode acrescentar isso ao seu crescente repertório de habilidades.

4. Armazenamento do plano para uso futuro.

O plano é então armazenado no cerebelo para uso futuro. Com cada tarefa subseqüente ou idêntica, o córtex (onde a idéia é formada) alerta o cerebelo quanto ao plano mais apropriado. As modificações são feitas pelo cerebelo para se adequar à nova situação e o plano é colocado em prática.

A repetição frequente de movimentos leva ao aumento do desenvolvimento de dendritas no cérebro para que no futuro, uma vez que estas vias de mensagens sejam definidas, os planos de ação podem ser transferidos mais rapidamente quando necessário. Os planos são então executados e os movimentos ocorrem de forma rápida e simples, sem necessidade de planejamento consciente e tentativa e erro.

E TUDO ISTO ACONTECE EM UM FLASH!

A dispraxia do desenvolvimento, portanto, é a condição em que este sistema de planejamento motor no cérebro e no corpo não funciona bem desde o nascimento.
É uma desordem neurológica. Isso significa que, em algum momento do processo de planejamento, realização desse plano e armazenamento desse plano para uso futuro, as vias neurológicas necessárias para essas tarefas não estão se conectando corretamente.

A quebra pode ser a seguinte:

  • sistema sensorial (má coleta e armazenamento de informações sensoriais);

  • desenvolvimento de dendrita incompleta (as vias nervosas que se ramificam dos neurônios no cérebro);

  • a falta de neuro-transmissores (substâncias que permitem que as mensagens pululem entre as lacunas entre dendritos) ou

  • no departamento de armazenamento e recuperação no cerebelo.

Quais as características da Dispraxia?

A dispraxia é como a dislexia, na medida em que não há meios visíveis imediatamente pelos quais as crianças dispraxicas possam ser rapidamente identificadas.

As crianças dispraxicas parecem completamente normais e muitas vezes são muito inteligentes, articuladas e tão encantadoras, curiosas e adoráveis quanto qualquer outra criança.
No entanto, os seguintes sinais tornar-se-ão visíveis 
quando a criança dispraxica for colocada em uma situação em que uma habilidade aprendida é descontextualizada, ou uma nova habilidade é apresentada para ser rapidamente dominada. Um professor experiente com um olho atento notará esses sinais e sintomas, mas muitas vezes não notará que eles são causados por um transtorno do desenvolvimento.

Os efeitos da dispraxia variam de muito leve (apenas alguns dos sinais abaixo) para mais severa (onde muitos desses sinais são evidentes). Os casos mais severos geralmente são percebidos na primeira infância por pediatras devido a atrasos nos marcos. Casos mais leves são percebidos por pais ou professores da primeira infância, e o muito leve pode não ser notado até mais tarde na escola primária, onde as tarefas em seqüencia se tornam mais complexas e exigentes.

A seguinte lista de sinais destina-se a um guia geral. No entanto, podem haver outros motivos subjacentes para essas dificuldades. Se você suspeitar que seu filho possa ter dispraxia, sugere-se uma avaliação minuciosa por um profissional da área.

Sinais Comuns e Sintomas

Os sinais comuns de Dispraxia do Desenvolvimento em crianças são os seguintes:

  • desajeitado e propenso a acidentes desde muito cedo;
  • frequentemente esbarra em coisas ou pessoas;

  • lento para aprender a engatinhar e andar;

  • movimento motor amplo não coordenado e incomum;

  • desajeitado para comer, dificuldade em aprender a se alimentar, e depois para manejar uma faca e garfo;

  • lento para aprender a se vestir e mais tarde com dificuldade em amarrar laços de sapato e abotoar;

  • demora a aprender segurar giz de cera ou lápis corretamente, cortar com tesoura e desenhar (pode evitar essas atividades);

  • lento para aprender a pular (geralmente saltita);

  • dificuldade em coordenar movimentos de braços e pernas ao aprender a nadar;

  • capacidade inconsistente de fazer tarefas motoras. Por exemplo, ele pode aprender uma nova tarefa um dia e esquecer-se no dia seguinte;

  • dificuldade em aprender como segurar um lápis, formar letras, desenhar e escrever palavras;

  • dificuldade em lembrar a seqüência de letras em palavras quando soletra;

  • dificuldade em lembrar a seqüência de processos matemáticos (especialmente subtração e divisão);

  • dificuldade de recuperação de palavras – ele sabe o que ele quer dizer, mas não consegue encontrar a palavra certa;

  • dificuldade em ler em voz alta (pula palavras, os olhos podem vagar para a linha acima ou abaixo indicando uma dificuldade em planejar movimentos oculares);

  • tem boas ideias, mas não consegue coloca-las no papel. A ordem e a sequencia de frases e parágrafos requer muita energia, portanto, pode perder concentração;

  • relutância em experimentar novos jogos ou atividades envolvendo movimentos como dança folclórica, esportes e ginástica;

  • dificuldade em planejar interações sociais e manter amizades sem se sobrecarregar. Poderá fazer amigos rapidamente, mas ter dificuldade em mantê-los;

  • birras manhas podem ocorrer mais frequentemente do que o habitual para a idade por sobrecarga sensorial e frustração;

    Tratamento – O que posso fazer se achar que meu filho pode ser dispráxico?1

    Primeiro obtenha uma avaliação. Crianças com idade inferior a 7 anos podem ser avaliadas por um terapeuta ocupacional pediátrico no seu Serviço local de desenvolvimento da primeira infância. Estes centros são gratuitos, financiados pelo Ministério da Educação.

    O TO provavelmente lhe dará um conjunto de exercícios, atividades e jogos projetados para dar suporte às áreas defasadas. Estas podem ser atividades sensoriais para estimular o aspectos do transtorno sensorial, atividades que envolvem o uso de habilidades motoras que precisam de mais repetição do que o habitual para se cristalizarem.

    Crianças com mais de seis anos de idade podem ser encaminhadas pelo professor para o serviço GSE para avaliação e suporte na sala de aula.

    Um terapeuta de desenvolvimento neurológico treinado e experiente também poderá dar-lhe uma avaliação excelente e agora há uma série de profissionais privados neste campo trabalhando na Nova Zelândia.

    Um programa de exercícios terapêuticos de desenvolvimento de movimento pode ser dado para ajudar seu filho, alguns dos quais precisarão ser feitos em casa e outros na clínica. No entanto, os casos mais graves devem ser avaliados por um pediatra para excluir outras questões e condições médicas.

    Você também deve visitar o site do Dyspraxia Support Group of New Zealand.
    Para obter mais informações sobre deficiências de aprendizagem em crianças, veja a seção de dificuldades de aprendizado.

    Ref: Judy Davis, (1997) “Planejando o Movimento, Mudando para o Plano”, publicado pelo Dyspraxia Support Group of NZ (Inc).

Fonte: https://www.kiwifamilies.co.nz/articles/dyspraxia/ (em 19-03-2018)

Tradução: Mariana Chuy, advogada e mãe do Gabriel

1A realidade aqui descrita é a da Nova Zelândia. No Brasil, sugere-se consulta com pediatra com especialização em desenvolvimento infantil, Neuropediatra e Fonoaudióloga. Também é importante a busca por informação em grupos de pais. Sugerimos o grupo  do Facebook – APRAXIA KIDS BRASIL 

**ESCLARECIMENTO SOBRE TRADUÇÃO***

Um dos objetivos da ABRAPRAXIA é levar conhecimento à população através de informação e formação de qualidade sobre Apraxia de Fala na Infância.

Por Apraxia de Fala na Infância ser um tema pouco tratado em publicações ou trabalhos científicos no Brasil, optamos por traduzir alguns destes textos e disponibilizá-los em nosso site, sempre com referência ao texto original.

Sendo assim, você encontrará:

1.Link de onde o texto foi retirado.

2. Tradução livre do texto.