Será que meu filho ou filha, com Apraxia de Fala na Infância irá falar normalmente?

Associação Brasileira de Apraxia da Fala Na Infância e Adolescência

Será que meu filho ou filha, com Apraxia de Fala na Infância irá falar normalmente?

Será que meu filho ou filha, com Apraxia de Fala na Infância irá falar normalmente?

Certamente esta é uma pergunta que a maioria dos pais fará aos profissionais, no momento do diagnóstico ou mais tarde, no decorrer do tratamento.
Ainda não há uma resposta objetiva.

Não há pesquisas publicadas para responder especificamente a esta pergunta. O que sabemos é que a resposta depende das características pessoais de cada criança e da experiência clínica do Fonoaudiólogo.

O quanto a criança irá progredir depende de vários fatores. Um resultado exato é impossível ser previsto por qualquer fonoaudiólogo.

Primeiro, a Apraxia de Fala na Infância possui um espectro de características. Podemos ter dez crianças com o mesmo diagnóstico, mas certamente cada uma terá sua especificidade.

Fonoaudiólogos americanos, com muita experiência na área, referem que muitas crianças com Apraxia de Fala na Infância irão desenvolver a fala normalmente, terão resultados muito favoráveis com as terapias. Mas outras, não.

Nos casos mais graves, é difícil prever como será a fala da criança quando ela for adulta.

Alguns critérios que tem sido considerados para saber se a criança “responderá bem” ou não ao tratamento:

– algumas crianças possuem uma Apraxia global, ou seja, que afeta o planejamento motor global, enquanto outras podem ter uma Apraxia de Fala somente (casos específicos de fala, progridem bem nos tratamentos e podem sim falar normalmente no futuro).

– crianças com outros quadros associados (Autismo, disartria, outros problemas neurológicos, síndromes, etc) poderão ter mais dificuldades. Crianças com Apraxia grave e com outros quadros associados, poderão ter um prognóstico mais desfavorável (podem conseguir se comunicar, mas com palavras isoladas, frases mais simples, curtas). Aspectos relacionados à prosódia (melodia da fala), velocidade de fala, poderão continuar sendo um grande desafio para elas. Poderão necessitar de sistemas de comunicação alternativa.

– crianças que tem Apraxia oral (ou seja, que tem muita dificuldade nos movimentos orais, como movimentar lábios, língua, mandíbula, etc) necessitarão de mais tempo de terapia, do que aquelas com apenas apraxia de fala.

– as condições de saúde geral também contam: crianças saudáveis irão render mais e terão melhor aproveitamento das terapias. Crianças que ficam constantemente doentes, ou que tem infecções frequentes de ouvido ou de vias respiratórias irão demorar mais.

– crianças com desenvolvimento cognitivo preservado terão mais chances de progredir. A terapia de Apraxia depende muito das pistas multissensoriais, de feedbacks, enquanto crianças com déficits cognitivos poderão não compreender essas pistas.

– crianças que conseguem manter o foco atencional e concentração também terão mais oportunidades de aproveitamento das terapias. Para trabalhar com crianças precisamos ser criativos, flexíveis, caso contrário, a terapia fica desmotivadora para a criança e com isso a atenção vai embora.

– crianças que não tem noção de suas dificuldades ou com baixa percepção de suas dificuldades precisarão de mais tempo de terapia. Perceber a dificuldade é um passo importante para desenvolver um auto-controle/monitoramento da produção da fala.

– a idade que a criança foi diagnosticada e começou a terapia, também conta muito. Quanto mais jovem a criança e quanto mais cedo iniciar o tratamento, maiores as possibilidades de recuperação. Por isso, a identificação precoce é muito importante. Fiquem atentos, queridos pais!

Outros aspectos muito importantes e que deve ser direcionado aos Fonoaudiólogos:

i) a criança está recebendo a terapia adequada? O planejamento da intervenção foi elaborado adequadamente? Cada criança deve ter seu plano individualizado de tratamento.

ii) Os objetivos e estratégias estão adequadas? Criança que não progride ou que está progredindo pouco é um sinal para sempre revermos nossas terapias.

iii) Ela não progride por que é um caso grave ou por que, meu plano terapêutico não está adequado? Essa pergunta deve estar sempre na cabeça do profissional de fonoaudiologia!

iv) frequência das terapias: crianças que recebem tratamento intensivo (duas, três, quatro vezes na semana), terão mais chances de progredir. No entanto, um alerta: não adianta aumentar a quantidade de sessões, se o planejamento não está adequado, ok? Analise, interprete, investigue com cuidado o que seu paciente está precisando. Estudar, estudar, estudar sempre.

v) motivação da criança: crianças resistentes terão menos aproveitamento. Os pais também podem ajudar nisso. Incentive, estimule a criança a ir para as terapias, converse com ela, que a Fono irá ajudá-la. Se os pais, não perceberem a importância das terapias, as crianças também não irão perceber. Valorize o fonoaudiólogo.

 

Além de tudo isso (e não é pouca coisa), o envolvimento dos Pais é primordial. Quanto mais os pais se envolverem no processo de intervenção, melhores serão os resultados. Mantenha sempre uma relação de parceria com a Fono, procure sempre se informar sobre o que está sendo trabalhado, porque, e como vocês podem ajudar em casa. Os treinos em casa, são muito importantes.

O que é sempre importante destacar?
Que crianças com Apraxia de Fala na Infância poderão progredir com o tratamento fonoaudiológico. É importante sempre acreditar no potencial dos filhos. Celebrar cada conquista é um passo importante nessa árdua estrada.
Não temos ainda estudos definitivos sobre os resultados dos tratamentos e por isso, os pais também devem ser cautelosos com qualquer declaração sobre o prognóstico que é absoluto em qualquer direção. Não é possível para um Fonoaudiólogo ou Médico dizer com absoluta certeza que a criança vai se recuperar completamente; inversamente, também é impossível afirmar que seu filho ou filha, nunca irá falar normalmente.

Não temos essa resposta.

Como temos um futuro incerto, o mais importante é nos concentramos no hoje, seguirmos em frente e acreditarmos sempre. E como escreveu Cora Coralina, “mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros”.
Abraços para vocês!

Texto elaborado por: Dra. Elisabete Giusti, Fonoaudióloga Infantil. www.atrasonafala.com.br
Referências: CASANA (Associação Norte-Americana de Apraxia de Fala na Infância).
Será que mi hijo/a con Apraxia del Habla Infantil (AHI) llegará a hablar normalmente?. Escrito por KATHY J. JAKIELSKI, PH.D., CCC-SLP
Prognosis for Apraxia. What Does The Future Hold? Escrito por: LORI HICKMAN, M.A., CCC-SLP

**ESCLARECIMENTO SOBRE TRADUÇÃO***

Um dos objetivos da ABRAPRAXIA é levar conhecimento à população através de informação e formação de qualidade sobre Apraxia de Fala na Infância.

Por Apraxia de Fala na Infância ser um tema pouco tratado em publicações ou trabalhos científicos no Brasil, optamos por traduzir alguns destes textos e disponibilizá-los em nosso site, sempre com referência ao texto original.

Sendo assim, você encontrará:

1. Link de onde o texto foi retirado;

2. Tradução livre do texto