CARTAS 5 – Emoções 

Apresentação e Descrição 

O combo Cartas das Emoções foi desenvolvido para auxiliar as crianças a identificarem e expressarem suas emoções, ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades para lidar com elas de maneira saudável e consciente. O conjunto é composto por três tipos distintos de cartinhas, cada uma com uma função específica que, em conjunto, proporcionam uma experiência educativa rica e interativa. Somado a isso, dois tabuleiros acompanham as cartinhas de modo a favorecer o planejamento de estratégias lúdicas e diversificadas, assumindo um papel de organização visual importante nas propostas. 

O principal objetivo deste combo de recursos didáticos é proporcionar às crianças a oportunidade de identificar e nomear seus sentimentos, além de construir frases sobre as emoções, o que facilita a compreensão, ampliação de repertório e o manejo emocional. Com este recurso, espera-se que as crianças desenvolvam uma maior consciência emocional e adquiram ferramentas para lidar com suas emoções de forma positiva. 

Cartinhas de Emoções 

O primeiro conjunto é composto por 14 cards, sendo esses: feliz, triste, nojo, medo, raiva, tédio, ansioso, inveja, confuso, sono, fome, vergonha, mau humor, frustrado. Cada card possui uma cor distinta, associada à emoção correspondente, facilitando a identificação visual e o reconhecimento das emoções. 

Cartinhas de Estratégias 

Além dos cards de emoções, outro baralho contempla 52 cards amarelos que apresentam estratégias para que a criança possa desenvolver a partir das emoções identificadas. A escolha da cor amarela foi intencional, representando uma neutralidade que permite que essas estratégias sejam vinculadas a diferentes emoções. Estas cartas são ferramentas práticas que ajudam a criança a pensar em como lidar com suas emoções de maneira construtiva. 

Cartinhas para Formulação de Frases 

O combo inclui um conjunto com 11 cards com fragmentos de frases, como “Quando estou com”, “Quando estou”, “Quando sinto”, “Quando me sinto com” e “Eu posso”. Estas cartas são utilizadas para a construção de frases completas, permitindo que a criança expresse por meio da composição escrita as emoções que está sentindo e as estratégias que pode utilizar. Um exemplo de frase que pode ser formada é: “Quando estou com raiva, eu posso respirar fundo.” Este exercício estimula a reflexão e a identificação das emoções, além de promover o desenvolvimento da linguagem. 

Tabuleiro “O que sinto quando…” 

O Tabuleiro “O que sinto quando…” é um recurso didático que permite às crianças explorar e identificar suas emoções em resposta a situações específicas. Ele possui um espaço central para a descrição de uma situação do cotidiano, como “Hoje é o primeiro dia de aula”, e quatro espaços onde a criança pode posicionar cartinhas que representam as emoções que ela está sentindo. Além disso, o tabuleiro permite que a criança selecione e coloque cartinhas de estratégias que podem ser usadas para lidar com essas emoções. Esse recurso facilita a compreensão de que uma mesma situação pode gerar múltiplas emoções e que várias estratégias podem ser aplicadas para gerenciar esses sentimentos. 

Tabuleiro “Trilha das Emoções” 

O Tabuleiro “Trilha das Emoções” é uma trilha composta por casas que representam diferentes emoções, como alegria, tristeza, raiva, medo, entre outras. As crianças avançam ao longo da trilha, parando em casas que correspondem a essas emoções, e são incentivadas a compartilhar experiências ou reflexões relacionadas às emoções em que caíram. Esse recurso promove a expressão emocional e a autorreflexão, ajudando as crianças a reconhecer e nomear suas emoções enquanto discutem situações que vivenciaram ou que poderiam enfrentar. A trilha pode ser usada tanto como um jogo educativo quanto como uma ferramenta terapêutica para explorar e compreender sentimentos em um ambiente seguro e lúdico. 

Estratégias didáticas para o uso dos recursos em diferentes contextos

Contexto de Sala de Aula (coletivo) 

Identificação das Emoções: Em um círculo, a professora pode mostrar uma cartinha de emoção e as crianças devem compartilhar o que fazem quando estão com o sentimento em foco. Nesta atividade, as cartas com estratégias podem ser utilizadas como apoio para ampliação de repertório e comunicação. 

Construção de Frases: Em pequenos grupos (ou de forma individual, conforme o perfil do grupo e intencionalidade docente), as crianças podem selecionar uma cartinha de emoção e, em seguida, escolher uma cartinha de estratégia e uma cartinha de construção de frases. Juntas, as crianças formam uma frase como “Quando estou com medo, eu posso abraçar alguém.”. Na sequência, conforme a etapa escolar, cada criança poderá fazer o registro das frases construídas no caderno. É interessante que a professora possibilite a construção de diferentes frases de modo a ampliar o repertório e compartilhamento do grupo. 

Jogo Trilha das Emoções: As crianças jogam um dado para avançar na trilha das emoções. Quando caem em uma casa, devem contar uma história ou descrever uma situação em que sentiram a emoção representada pela casa onde pararam. As crianças podem usar as cartinhas de emoções para ilustrar ou reforçar a emoção que sentiram e as cartinhas de estratégia para discutir como poderiam ou lidaram com essa emoção. 

Jogo Trilha do Sentimento do Dia: No final do dia, as crianças percorrem a trilha e compartilham como se sentiram em diferentes momentos do dia escolar. Elas colocam marcadores nas casas que representam as emoções que vivenciaram ao longo do dia. As crianças podem usar as cartinhas para indicar múltiplas emoções em um evento específico. A professora pode encorajar discussões sobre como as emoções mudaram ao longo do dia e que estratégias ajudaram a lidar com essas mudanças. 

Contexto de Sala de Aula (individual) 

Diário Visual das Emoções: No início ou no final do dia, a professora ou mediadora pedagógica pode perguntar à criança como ela está se sentindo em relação ao que aconteceu na escola. A criança escolhe uma cartinha de emoção que representa seu sentimento e associa essa emoção a uma situação específica, como uma brincadeira no recreio ou uma atividade em sala. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode ajudar a criança a elaborar a situação, perguntando mais detalhes e validando os sentimentos expressados. Por exemplo: “Você escolheu a cartinha ‘triste’. O que aconteceu hoje que te deixou triste?” Isso ajuda a criança a conectar emoções a situações reais. Neste momento, é importante que o estudante possa se expressar conforme sua preferência, seja de forma oral, através da escrita, desenho ou uso de aplicativos específicos de comunicação alternativa. 

Reconhecimento de Emoções em Histórias: Ler uma história curta sobre uma situação comum na escola (como fazer novos amigos ou compartilhar brinquedos). Após a leitura, a professora ou mediadora pedagógica pede à criança para identificar as emoções dos personagens usando as cartinhas. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode reforçar a identificação correta das emoções e refletir com a criança sobre as estratégias que ela poderia utilizar a partir das emoções indicadas. O baralho com estratégias deve ser contemplado neste momento como ampliação de repertório e comunicação.  

Jogo de Correspondência de Emoções: Apresentar à criança várias situações escolares comuns (como não ser escolhido para um time ou ganhar um elogio do professor). A criança deve escolher a cartinha de emoção que melhor corresponde a cada situação. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode explicar por que certas situações podem causar certas emoções, ajudando a criança a entender melhor a relação entre eventos e sentimentos. A intervenção também pode incluir a discussão sobre como diferentes crianças podem sentir diferentes emoções na mesma situação, promovendo empatia e compreensão. 

Caixa de Soluções: Criar uma “Caixa de Soluções” com as cartinhas de estratégias. A professora ou mediadora pedagógica apresenta uma situação escolar desafiadora que a criança enfrentou recentemente e pede à criança para escolher uma cartinha de emoção que represente como ela se sentiu. Depois, a criança escolhe uma cartinha de estratégia que poderia ajudar a lidar com a situação. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode orientar a criança sobre como aplicar a estratégia escolhida em situações futuras, oferecendo exemplos ou simulações. Por exemplo: “Se você se sentir ansioso na próxima vez que tiver que falar na frente da turma, você pode usar essa estratégia de respirar fundo para se acalmar.” 

Cartinhas de Emoções na Rotina Escolar: Incorporar o uso das cartinhas em momentos específicos da rotina escolar, como antes de começar uma nova atividade ou após o recreio. A criança escolhe uma cartinha de emoção para expressar como está se sentindo naquele momento. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode ajustar as atividades ou oferecer suporte emocional com base na emoção escolhida pela criança. Por exemplo, se a criança escolher a cartinha de “sono”, a professora ou mediadora pedagógica pode sugerir uma atividade mais prática e corporal, buscando ativar mais partes do corpo. 

Reflexão sobre Conflitos: Após um conflito com colegas, a professora ou mediadora pedagógica pode pedir à criança para refletir sobre o que aconteceu, utilizando as cartinhas de emoção para identificar seus sentimentos e as cartinhas de estratégia para encontrar maneiras de resolver o conflito ou melhorar a situação. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode guiar a criança através do processo de reflexão, ajudando-a a entender como suas ações e emoções influenciam os outros e como ela pode escolher estratégias mais positivas no futuro. 

Expressão de Emoções através de Arte: Usar as cartinhas de emoção como inspiração para desenhos ou colagens. A criança pode criar uma imagem que represente a emoção que está sentindo em relação a uma situação escolar. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode conversar com a criança sobre a arte que ela criou, explorando as emoções representadas e incentivando a verbalização ou outras formas de expressão, dependendo da habilidade comunicativa da criança. 

Explorando Situações Escolares com o Tabuleiro: A professora ou mediadora pedagógica apresenta uma situação comum na escola, como “Hoje é o primeiro dia de aula” ou “Fizemos uma atividade em grupo”. A criança então escolhe cartinhas de emoções para posicionar nos espaços correspondentes no tabuleiro. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode ajudar a criança a refletir sobre cada emoção escolhida, perguntando por que ela se sente dessa maneira em relação à situação. Em seguida, auxilia a criança a escolher estratégias possíveis, usando as cartinhas amarelas de estratégias, para lidar com as emoções identificadas. 

Painel de Emoções: Após uma atividade intensa, como uma prova ou apresentação, a criança utiliza o tabuleiro para expressar suas emoções relacionadas à experiência. Por exemplo, pode colocar “ansioso” e “vergonha” após esses momentos. 

Intervenção: A professora ou mediadora pedagógica pode guiar a criança para que ela identifique quais estratégias poderiam ser usadas antes e depois da situação para lidar melhor com as emoções. 

Estas atividades ajudam a criança a reconhecer, nomear e entender suas emoções em um ambiente escolar, enquanto a professora ou mediadora pedagógica fornece suporte individualizado para promover o desenvolvimento emocional e social. 

Contexto de Atendimento com Especialistas 

Expressão Emocional: A terapeuta pode utilizar as cartinhas de emoções para ajudar a criança a identificar como está se sentindo antes de iniciar a sessão. A criança escolhe uma cartinha e, com o auxílio da especialista, forma uma frase utilizando as cartinhas de construção de frases. A intervenção pode incluir a modelagem vocal da frase, repetição guiada, ou o uso de dispositivos de comunicação alternativa, adaptados às necessidades de crianças com apraxia de fala. 

Jogo de Estratégias: A criança escolhe uma cartinha de emoção e, em seguida, escolhe uma cartinha de estratégia. A terapeuta ajuda a criança a compreender como aplicar essa estratégia na vida real. Por exemplo, se a emoção escolhida for “triste” e a estratégia for “contar até 10”, a criança pode praticar essa técnica com a orientação da terapeuta. A prática pode ser acompanhada de pistas visuais ou auditivas que facilitam a compreensão e execução para crianças com apraxia de fala. 

Diário das Emoções: No final de cada sessão, a criança pode registrar suas emoções em um “diário das emoções” usando as cartinhas como suporte. Com a ajuda da terapeuta, a criança pode escolher uma cartinha de emoção, uma cartinha de estratégia e, com as cartinhas de frases, escrever ou construir uma frase que resuma como se sentiu durante a sessão e o que fez para lidar com a emoção. O diário pode incluir desenhos, símbolos ou fotografias, acompanhados de palavras ou frases que favoreçam a comunicação por meio deste registro. 

Sessão de Reflexão: A terapeuta propõe à criança que reflita sobre uma situação que aconteceu recentemente, como uma mudança na rotina ou uma discussão com um amigo. A criança escolhe as cartinhas de emoções que representam seus sentimentos e as posiciona no tabuleiro. O terapeuta pode trabalhar com a criança para identificar estratégias que ela poderia ter usado para manejar melhor essas emoções e para ajudá-la a perceber que algumas estratégias podem ser aplicadas a diferentes emoções. 

Exploração de Cenários: A terapeuta apresenta cenários hipotéticos que a criança pode enfrentar, como “Um amigo não quis brincar hoje” ou “Fui chamado de um apelido que não gostei”. A criança posiciona as emoções e estratégias no tabuleiro. O terapeuta pode discutir as diferentes emoções e reações possíveis para cada cenário, incentivando a criança a explorar alternativas de resposta emocional. 

Jogo Trilha das Emoções: A criança coloca um objeto para representar o seu percurso na trilha. Cada vez que passa por uma emoção, ela compartilha com a terapeuta uma situação recente que provocou esse sentimento. A criança pode usar as cartinhas para ilustrar a emoção e indicar como as estratégias poderiam ser aplicadas. Além disso, é interessante que a especialista forneça opções relacionadas ao contexto da criança (criadas de forma personalizada) como possibilidade de indicação da situação. 

Adaptações Gerais 

• Uso de Comunicação Alternativa: Para crianças com apraxia de fala, é importante utilizar sistemas de comunicação alternativa, como quadros de comunicação, aplicativos ou gestos específicos, que permitam a criança expressar emoções e participar das atividades.

• Reforço Positivo: Elogiar e reforçar cada tentativa de comunicação, seja verbal ou não verbal, para encorajar a participação e o desenvolvimento das habilidades de comunicação.

• Ritmo e Repetição: Repetir as atividades em diferentes sessões para que a criança se sinta mais confortável e segura ao expressar suas emoções e construir frases.

Estas estratégias visam promover o desenvolvimento emocional e linguístico das crianças, assegurando que todas, independentemente de suas habilidades de fala, possam participar ativamente e beneficiar-se dos recursos didáticos apresentados.