O maior evento sobre Apraxia de Fala na Infância aconteceu nos dias 22 e 23 de setembro, no Teatro da APCD, no bairro de Santana, em São Paulo.
Em sua nona edição, de forma presencial e online, a Conferência Nacional de AFI reuniu mais de 800 participantes, entre fonoaudiólogos, profissionais da saúde, educação, além de pais e familiares de crianças com Apraxia.
Todos os 26 estados do Brasil tiveram participantes no evento, além de integrantes da Guatemala, Argentina, Peru e Estados Unidos.
O encontro anual é aguardado com muita expectativa e ansiedade por toda Comunidade da ABRAPRAXIA, pois já se consolidou como um momento para troca de conhecimento, criação de novas conexões e redes de apoio.
Na sexta, 22 de setembro, o dia começou com as boas-vindas e rápida apresentação sobre a ABRAPRAXIA, feita pela Presidente Fabiana Colavinni, Vice-Presidente Juliane Tosin.
Em seguida, iniciou-se o Curso Internacional Pré-Conferência, exclusivo para Fonoaudiólogos, ministrado pelo renomado PhD em Fonoaudiologia com especialização em Neurociências, o canadense, Dr. Aravind Namasivayam. Mais de 500 profissionais participaram.
O tema de sua palestra foi “Otimizando a intervenção: Sinergias Motoras de Fala na Prática Clínica”,quando explicou detalhadamente a complexidade da produção dos sons, trazendo o conceito de sinergia motora de fala. Tudo isso ilustrado com muitos dados, imagens, vídeos e informações de estudos antigos e recentes, condensados de forma inovadora, fazendo o público refletir e aprender muito.
Dr. Aravind também apresentou checklists e modelos de avaliação para os transtornos motores de fala, seleção de alvos, além de apresentar estratégias para otimizar a eficiência do tratamento dos pacientes.
Após 18h00, aconteceu a abertura oficial do evento, com o coquetel de boas-vindas aos participantes, promovendo um momento de relaxamento, descontração e networking.
A programação do primeiro dia seguiu com a palestra da Jornalista Gabriela Liam que fez um relato emocionante da história de sua filha Isadora, diagnosticada com AFI.
A ex repórter do Programa Encontro, da Rede Globo, falou sobre os desafios de mães e pais de crianças com algum tipo de deficiência e como abraçou uma nova missão de vida: divulgar a Apraxia de Fala na Infância e fazer reverberar positivamente o silêncio de sua filha.
Em seguida foi a vez do “bate papo com os irmãos”, mediado pela Diretora da ABRAPRAXIA, Mariana Chuy e as adolescentes Marina Spadoni Bueno, de 16 anos e Sara Gonçalves Zorzi, de 14 anos, irmãs de crianças com AFI.
Para fechar a noite, foi a vez da Geneticista Drª Ana Cristina Girardi falar sobre Aconselhamento Genético e os resultados parciais já obtidos através da Pesquisa Genética patrocinada pela ABRAPRAXIA em parceria com a USP, que identificou 18 novos genes relacionados à Apraxia de Fala na Infância.
No sábado, 23 de setembro, o segundo dia de evento começou cedo, com um welcome coffee para conferencistas e palestrantes, seguido das boas-vindas e Apresentação Anual da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na infância.
A Vice-Presidente da ABRAPRAXIA, Juliane Tosin apresentou a Associação, sua história, um pouco do planejamento estratégico e diversas ações e projetos em andamento.
Logo após, a Diretora Mariana Chuy falou sobre os esforços da Associação em divulgar o diagnóstico de Apraxia de Fala na Infância na grande mídia. A Presidente Fabiana Collavini comentou sobre os materiais informativos gratuitos disponíveis para solicitação no site , novos cursos para pais e fonos, e a abertura das inscrições para a 4ª Turma do Curso de Aprimoramento em Apraxia de Fala na Infância, de 01 a 31 de outubro.
Em seguida foi a vez do Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, José Márcio Fernandes, idealizador do 1º Encontro das Famílias com AFI, falar sobre o sucesso do evento que reuniu mais de 80 famílias e cerca de 300 pessoas envolvidas. O Diretor revelou ao público que o evento será realizado a cada dois anos e acontecerá novamente em maio de 2025.
Além disso, finalizou a palestra falando sobre a participação da ABRAPRAXIA na Conferência Americana de AFI, realizada em julho desse ano, com um painel sobre os resultados parciais da Pesquisa Genética realizada em parceria com a USP.
Para abrir o primeiro painel do dia, Dr. Aravind Namasivayam começou sua palestra “Caminhos de Tratamentos baseados em dados para crianças com transtornos motores de fala” prometendo provar aos presente porquê o tratamento terapêutico funciona.
Apresentou diferentes tipos de terapia motora de fala e seus mecanismos de ação, fazendo demonstrações junto com o público. Mostrou como intervenções adequadas, de base motora, mudam o cérebro de forma permanente, transformando estrutura, conectividade e função.
Trouxe resultados, demonstrando impacto na inteligibilidade de fala e comunicação funcional das crianças, os melhores caminhos da terapia, com destaque para o impacto da frequência das sessões e o do trabalho domiciliar feito pelos pais. Foi ovacionado pelo público.
Dando continuidade à programação, a Fonoaudióloga Tamiris Akbart trouxe informações sobre a ocorrência de AFI e a presença de déficits motores de fala nas crianças com TEA.
Já a Fonoaudióloga Maria Elisabete Campos apresentou a fonoaudiologia neurofuncional e a importância dos aspectos motores orais e globais. Ela falou sobre a disartria, fazendo muitos paralelos com a fala do Dr. Aravind e demonstrando como estratégias terapêuticas adequadas contribuem para o desenvolvimento de crianças com esse diagnóstico.
Esse ano a ABRAPRAXIA inovou e fez uma ação especial para Sorteio de Almoço com alguns dos palestrantes de destaque do evento.
O Palestrante Internacional e as Conselheiras Técnicas da Associação foram convidados a participar e dividiram sua companhia com os seguintes sortudos:
Almoço com Aravind Namasivayam – Fonoaudióloga Cíntia Maciel – São José dos Campos
Almoço com Elisabete Giusti – Fonoaudióloga Cassandra Greg – São Paulo
Almoço com Monique Ferro – Fonoaudióloga Beatriz Teixeira – São Paulo
Almoço com Adriana Borges – Fonoaudióloga Maria Luiza Poli – Sorocaba
Almoço com Ana Vogeley – Fonoaudióloga Marta Espinosa – Sorocaba
Após o almoço iniciou-se o segundo painel de palestras e foi a vez da médica Foniatra Drª Mariana Fávaro palestrar sobre o cérebro e aparelho fonador. Uma aula sobre anatomia e fisiologia cerebral mostrando o quanto o cérebro funciona em rede e como não se pode separar a fala, a linguagem e as funções executivas, pois tudo está integrado.
Em seguida, foi a vez da Terapeuta Ocupacional Tatiane Grigolatto falar sobre estimulação cognitiva, social e independência das crianças com AFI. Ela ressaltou a importância da intervenção precoce e da atribuição constante de responsabilidades e desafios aos pequenos, além de acompanhar e conduzir as crianças de forma a estimular talentos e interesses pessoais, sempre exaltando as pequenas conquistas.
Para fechar o segundo painel, Drª Rosa Magaly Morais, falou sobre a interface entre transtornos de neurodesenvolvimento e transtornos motores de fala, questionando qual o papel do psiquiatra da infância de adolescência nesse assunto. Ela apontou a importância da intervenção em equipe multidisciplinar com base em vários domínios, de acordo com as necessidades e de forma integrada e individualizada.
Após um rápido coffee break, iniciou-se o último painel de palestras, com a Fonoaudióloga Aline Mara de Oliveira contando sua trajetória dentro da área de pesquisa e sobre seu trabalho na tradução do método de tratamento ReST – Rapid Syllable Transition Treatment para o português. Utilizado para crianças com Apraxia de Fala na Infância e outros Transtornos Motores, o ResT é uma das técnicas com resultados cientificamente comprovados para intervenção em Apraxia de Fala.
Para encerrar o evento, as Fonoaudiólogas e Conselheiras Técnicas da ABRAPRAXIA, Elisabete Giusti, Monique Ferro, Adriana Borges e Ana Vogeley foram convidadas a participar de uma mesa redonda tirando dúvidas recorrentes sobre diversos assuntos ligados à AFI.
Esse time de peso manteve o auditório cheio até o fim do evento.
Ana Vogeley abordou a questão do código CID a ser utilizado para a apraxia de fala na infância e fez uma discussão sobre os aspectos a serem considerados nessa escolha.
Adriana Borges esclareceu questionamentos sobre os pacientes não verbais ou minimamente verbais poderem ser diagnosticados com AFI, além de abordar o tema de avaliação dinâmica, CAA e a importância da utilização de princípios da aprendizagem motora.
Monique Ferro falou sobre AFI e as comorbidades, apontando pilares importantes no tratamento global da criança e a importância de preparar a criança para a aprender, lembrando que todos os pacientes têm potencial para evoluir.
Elisabete Giusti fechou o evento falando sobre as diversas e desafiadoras abordagens de tratamento da Apraxia, ressaltando que nada funciona se a relação entre paciente e profissional não for valorizada. Reforçou que as terapias precisam ser motivadoras, bem planejadas e personalizadas. Por fim, deixou um recado a todos os fonoaudiólogos pressentes, recomendando que estudem cada vez mais e sempre baseiem seus atendimentos em pesquisas e métodos cientificamente comprovados, promovendo sempre a esperança.
Sem dúvida, mais um evento único, cheio de troca de experiências, conhecimento e momentos emocionantes.
Aguardamos vcs para a décima edição da Conferência Nacional de Apraxia de Fala na Infância em setembro de 2024! : )
As fotos oficiais desse evento incrível podem ser vistas aqui no site através do link https://apraxiabrasil.org/conferencias/conferencia-2023-fotos/
Confira!