Entrevista da Presidente da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância, sobre curso que acontecerá em Belo Horizonte nos dias 08 e 09 de fevereiro de 2019.
O distúrbio, que acomete até duas crianças, em cada mil, prejudica a capacidade de comunicação
Um distúrbio pouco conhecido no Brasil, de diagnóstico difícil, é tema de palestra em BH, em fevereiro. A Apraxia de Fala na Infância, que compromete a habilidade da criança em produzir e sequenciar os sons, é preocupante para papais e mamães que observam seus filhos com problemas de desenvolvimento.
Foi o caso da Fabiana Collavini, mãe da Ana Beatriz. Ela teve um atraso na parte motora – demorou para conseguir sentar, ficar em pé e balbuciar – e, aos onze meses, foi às primeiras consultas com uma fonoaudióloga e uma fisioterapeuta. Mas o quadro não evoluiu.
O diagnóstico correto só veio aos dois anos e meio, com a Dra. Elizabete Giusti, de São Paulo, que tinha experiência com a apraxia. “No entanto, percebemos que não havia nenhum profissional capacitado para tratá-la em Goiânia, onde moramos”, conta Fabiana. Daí veio a necessidade de organizar cursos de formação na área e, depois, de fundar a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (Abrapraxia), presidida por ela.
O grupo de pais e mães batalha em prol da divulgação do diagnóstico do distúrbio, apoiando outras famílias e profissionais da área da saúde e educação, principalmente fonoaudiólogos, pedagogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos. O foco é disseminar informações corretas sobre o problema, uma vez que elas são escassas no Brasil. A única estatística sobre o problema é americana, e estima que, de uma a duas crianças em cada mil podem ter a apraxia.
Causas e tratamento
Como cada criança é única, a forma de manifestação do distúrbio também é. São três níveis de gravidade (leve, moderado ou severo), podendo se manifestar sozinho ou estar atrelado a outras condições, como o Transtorno do Espectro Autista ou Síndrome de Down.
Ela pode ser causada por alguma infecção, doença ou trauma durante ou após o nascimento do bebê. “Nem toda criança com dificuldade no desenvolvimento da fala tem apraxia. O importante é que esse diagnóstico seja levado em consideração nas avaliações dos especialistas”, orienta a presidente da Abrapraxia.
Algumas características podem evidenciar o distúrbio, como fala acelerada ou monótona e repertório pobre de vogais e consoantes. Nesses casos, a criança sabe o que quer dizer, mas seu cérebro falha ao planejar a sequência de movimentos pra produzir os sons que formam as sílabas, palavras e frases.
O importante é diagnosticar de forma precoce para aumentar a eficiência do tratamento, que deve ter uma abordagem multidisciplinar. Com ele, a Ana Beatriz, que aos três anos só pronunciava a sílaba ‘ma’, hoje, com seis anos, tem um vocabulário bem maior, está pré-alfabetizada, lendo, escrevendo e formando frases.
Formação na área
Para orientar os pais e formar profissionais capacitados para diagnosticar e tratar a apraxia de fala, a Abrapraxia organiza cursos e materiais informativos. Um deles, o introdutório, é online, disponível no site da Associação. Por lá também é possível fazer doações para a Loja Solidária, com renda destinada à promoção das ações de disseminação do tema no país.
Em Belo Horizonte, haverá dois cursos com a Elizabete Giusti, também com a arrecadação em prol da causa. O do dia 8/02 (sexta-feira, das 18h30 às 21h), é para pais e profissionais da área (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc). No dia 9/02 (sábado, das 8h30 às 17h), será voltado para fonoaudiólogos interessados em terapia para apraxia de fala. Os valores são, respectivamente, R$ 200 e R$ 600. Clique aqui para fazer a inscrição.
Fonte: http://www.soubh.com.br/noticias/gerais/bh-recebe-curso-sobre-apraxia-de-fala-na-infancia/