A Apraxia de Fala na Infância (AFI) – distúrbio neurológico que afeta crianças e que ainda é pouco conhecido no País – será o tema de uma ação de conscientização que vai abranger alunos da Educação Infantil de 11 escolas particulares do município, dia 14 de maio. Realizada por voluntários, a iniciativa pretende atingir cerca de 1,5 mil famílias com a distribuição de panfletos explicativos em agendas escolares/cadernos e aplicativos específicos que são utilizados por alguns colégios para a comunicação com os pais.
O material que será distribuído explicou o que é a Apraxia, quem pode fazer o diagnóstico e onde podem ser obtidas mais informações sobre o assunto, diz Denise Seiko Nakamura, a articuladora do Projeto, mãe do menino Mateus (que tem o distúrbio) e voluntária da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (Abrapraxia). Duas apoiadoras, Michelly S. Basso, mãe voluntária e fonoaudióloga, e Fabiana Collavini, presidente da Abrapraxia, também estão envolvidas na ação cujo foco são as crianças da Educação Infantil (até seis anos de idade).
“O dia 14 de maio é o Dia Mundial de Conscientização da Apraxia de Fala na Infância. Nesse dia, em vários lugares do Brasil, existirão ações que visam divulgar o assunto para que cada vez mais crianças tenham acesso a um diagnóstico e intervenção corretos e apropriados”, declarou Denise.
“Inicialmente, a ação envolveria apenas a escola onde meu filho estuda, mas o projeto aumentou e vamos conseguir atingir mais famílias”. Denise explicou que a Apraxia de Fala na Infância é um distúrbio neurológico motor da fala, que afeta a habilidade da criança em produzir e sequencializar os sons da fala.
“A criança tem ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos motores da mandíbula, dos lábios e da língua para produzir sons para formar sílabas, palavras e frases”, esclareceu a voluntária.
A idealizadora da ação contou que teve conhecimento da apraxia de fala na infância por meio de um veículo de imprensa e que, desde então, luta pela divulgação de informações precisas sobre a AFI. “Dessa forma, mais crianças poderão atingir o máximo de sua potencialidade tendo o tratamento adequado”, observou.
Os panfletos informativos serão entregues às escolas que, por sua vez, enviarão o material aos pais por meio das agendas escolares das crianças e cadernos. “Em algumas escolas que não usam mais a agenda, mas sim aplicativos, a divulgação será feita por meio da ferramenta digital”, destacou. (Peça Material Gratuito acessando aqui)
Distúrbio pouco desconhecido
Denise Nakamura reiterou que é importante difundir informações sobre a Apraxia, um distúrbio ainda pouco conhecido no Brasil, e frisa que a intervenção terapêutica correta e específica é um divisor de águas na vida da criança.
“Aqui em casa, o fato do meu filho não falar com dois anos de idade, levantou a possibilidade diagnóstica de TEA (Transtorno do Espectro Autista) pelos profissionais que consultamos. Fizemos as terapias baseadas nesse possível diagnóstico durante 12 meses e muitos aspectos apresentaram evolução (contato visual, parte sensorial, comportamento etc.) exceto a fala. Foi quando tivemos acesso a uma matéria jornalística que tratava desse assunto e iniciamos um processo de investigação até chegar ao diagnóstico. Em um mês de terapia fonoaudiológica específica, meu filho já estava falando as vogais das palavras. Temos uma longa jornada pela frente, mas agora sabemos qual caminho percorrer”, disse.
Um ou dois casos a cada mil crianças
No Brasil, Apraxia de Fala na Infância (AFI) carece de dados estatísticos, pelo fato de ser um diagnóstico novo e por não existir padronização do nome do distúrbio. Mas de acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), em 2015 a incidência do distúrbio era em uma ou dois crianças a cada grupo de mil.