A Apraxia de Fala na Infância (AFI) e suas abordagens de tratamento

Apraxia é um tipo de transtorno motor de fala que afeta a capacidade do cérebro planejar e programar os comandos para os articuladores se movimentarem sequencialmente para a produção dos sons da fala. Por ser uma condição que afeta as habilidades motoras, esses pacientes não respondem ou respondem muito pouco quando são submetidos às terapias tradicionais de fonoaudiologia, voltadas apenas para os aspectos fonológicos/articulatórios (abordagens fonológicas ou de instalação de pontos articulatórios) ou às terapias que se baseiam em estimulação de linguagem apenas.

O que temos de evidências científicas robustas até o momento, é que crianças/adolescentes diagnosticados ou com suspeita de AFI precisam de terapias com fonoaudiólogos e que sejam baseadas em abordagens terapêuticas que incluam os princípios de aprendizagem motora (motor learning principles) nas suas propostas. Esses princípios incluem a prática repetitiva (são crianças que precisam de terapias mais intensas/frequentes), a adequada seleção das emissões-alvo que serão trabalhadas com a criança, a organização adequada da prática (podendo ser massiva ou distribuída, a depender da fase de aprendizagem que está sendo trabalhada), do adequado manejo do feedback (em relação ao tipo, frequência e tempo), a adequada das pistas multissensoriais que serão utilizadas (táteis-proprioceptivas, metacognitivas, visuais ou auditivas), e a adequada inserção dos elementos de prosódia. E todos estes componentes devem ser inseridos num contexto lúdico que seja motivador e reforçador para os pacientes. O fonoaudiólogo responsável precisa ter habilidade e experiência com o público infantil.  

É necessário e fundamental que o fonoaudiólogo tenha formações complementares nesta área para que o paciente possa receber a intervenção específica e adequada. Dentre essas formações, atualmente no Brasil, algumas temos algumas possibilidades, como: participação de cursos de atualização profissionais na área de AFI, participação e formação dos cursos que são oferecidos pela ABRAPRAXIA – https://apraxiabrasil.org/, – participação em conferências sobre o tema. No website da associação é possível encontrar um cadastro de profissionais que já participaram dos eventos organizados pela associação. Além disso, no Brasil os profissionais também podem participar de cursos como – abordagem PROMPT e no site do Instituto PROMPT –  https://promptinstitute.com/ – existe um cadastro de todos os profissionais que já participaram das certificações tanto no nível I (introdutório) como no nível II (avançado). Além da abordagem PROMPT, outras abordagens que também contam com evidência científica para o tratamento de AFI – como o método DTTC  https://childapraxiatreatment.org/dttc/ – e o método ReST  https://rest.sydney.edu.au/ – também já estão disponíveis no formato de cursos e que os fonoaudiólogos brasileiros podem ter acesso.

Em outros países, como Austrália e EUA existem outras abordagens disponíveis, mas que ainda não estão acessíveis aqui no Brasil.

Elaboração: Dra. Elisabete Giusti. Fonoaudióloga Infantil. Especializada em Transtornos da fala e da linguagem. Doutora em Linguistica. Expertise em Apraxia de Fala na Infância. Consultora Técnica da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância.