Entrevista com Monique Ferro, especialista em Neuroeducação e em Fonoaudiologia Neurofuncional

Associação Brasileira de Apraxia da Fala Na Infância e Adolescência

Entrevista com Monique Ferro, especialista em Neuroeducação e em Fonoaudiologia Neurofuncional

Durante o primeiro semestre de 2019, a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância, promoverá o curso “Desenvolvimento da Linguagem Escrita – Desafios e Possibilidades” nas  cidades de Goiânia, Rio de Janeiro, João Pessoa, Natal e Belo Horizonte.

O Curso é ministrado pela Especialista em Neuroeducação e em Fonoaudiologia Neurofuncional, com formação em Transtorno de Aprendizagem e Processamento Auditivo Central, Monique Ferro.

Confira entrevista realizada com a profissional e acesse nosso site para confirmar as datas e o programa do Curso.

  1.  Qual a sua formação?
    Fonoaudióloga e Psicopedagoga
    Especialista em Neuroeducação e em Fonoaudiologia Neurofuncional, com formação em Transtorno de Aprendizagem e Processamento Auditivo Central.
  2. Qual o objetivo do curso ministrado por você e organizado pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA – ABRAPRAXIA?
    O curso Desenvolvimento da Linguagem Escrita – Desafios e Possibilidades tem o objetivo de proporcionar conhecimentos e recursos que possam preparar profissionais da área para desenvolver práticas de alfabetização e letramento em crianças com apraxia de fala na infância e outros distúrbios.
  3. O que levou você a se especializar nessa área de atuação e conhecimento?
    Assim que terminei a faculdade de Fonoaudiologia (2000) fui trabalhar em uma escola atendendo crianças com defasagens de linguagem oral e escrita. Em 2004, atendi meu primeiro paciente com TEA. Me apaixonei, me envolvi e vibrei por cada conquista. Naquele momento, descobri que era necessária uma atuação diferente. Precisava ser individual. Precisava ser especial. Busquei todas as possibilidades possíveis de especializações, aprimoramentos, supervisões, cursos internacionais…
    Não é fácil! Nada fácil! Mas com amor e determinação é possível fazer o DIFERENTE. Hoje, atendo crianças com diversos distúrbios e síndromes – muitas com APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA –  e não consigo pensar em trabalhar em outra área.
  4. Qual o público alvo do curso?
    Fonoaudiólogos, psicopedagogos, pedagogos, psicólogos e pais.
  5. Quais foram as cidades que já receberam o curso?
    Curitiba, Porto Alegre, Salvador e São Paulo.
  6. Como está a agenda de 2019?
    No primeiro semestre de 2019, teremos o curso em cinco cidades:
    Dia 23/02 Goiânia; 06/04 Rio de Janeiro; 04/05 João Pessoa; 05/05 Natal e 01/06 Belo Horizonte.
  7. No sua avaliação, qual ou quais seriam os caminhos a serem trilhados para que uma criança com apraxia de fala na infância atinja o seu melhor potencial?
    Primeiramente a intervenção deverá ser realizada por um Fonoaudiólogo que possua experiência e trabalhe com desenvolvimento de fala e linguagem seguindo princípios da aprendizagem motora.
    A terapia precisará ser cuidadosamente planejada e motivadora para a criança.
    Muitas crianças precisarão de acompanhamentos complementares como Psicólogos, Terapeuta Ocupacional, Psicopedagogos, entre outros. A equipe multidisciplinar precisará definir objetivos em conjunto para o sucesso terapêutico.
    A escola deverá ser orientada com regularidade.
    A comunicação alternativa deverá ser introduzida sempre que a criança tiver dificuldade para se expressar. Esse recurso ajudará no desenvolvimento e no planejamento da linguagem oral e escrita.
    Os pais deverão participar do processo terapêutico, pois o treino em casa será fundamental para que haja a automatização e memorização do aprendizado.
  8. O diagnóstico de apraxia de fala na infância é realizado por qual profissional?
    O fonoaudiólogo com experiência em transtorno de fala e de linguagem é o profissional indicado para diagnosticar a Apraxia de Fala na Infância.
  9. Em seu consultório, o diagnóstico é considerado para a escolha do melhor tratamento?
    O diagnóstico é importantíssimo para o planejamento da intervenção terapêutica, principalmente quando estamos diante de uma criança com Apraxia de Fala na Infância.
    Segundo a Associação Americana de Fonoaudiologia, Apraxia de Fala na Infância é um “Distúrbio neurológico motor da fala na infância, resultante de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários a fala, na ausência de déficits neuromusculares.” Sendo assim, se o profissional não tiver experiência com desenvolvimento de fala e linguagem oral/escrita e não trabalhar seguindo os princípios da aprendizagem motora, não obterá o sucesso esperado no tratamento.
  10. Como é o incentivo para pesquisas sobre Síndromes e distúrbios no Brasil?
    As pesquisas de qualidade são fundamentais para os profissionais da saúde, pois promovem mudanças baseadas em evidências e justificam a eficiência da intervenção proposta. Infelizmente o Brasil investe muito pouco em pesquisas sobre síndromes e distúrbios.
  11. Por favor, pontue outras informações que deixaram de constar nas perguntas e que considera importante.
    Importante pontuar que todos os exercícios realizados com as crianças com Apraxia de Fala na Infância devem ser INDIVIDUAIS, FREQUENTES E REPETIDOS. O sucesso da aquisição da fala e da alfabetização não se deve exclusivamente ao treino dos exercícios, mas sim ao “saber treinar”.  Para isso, o fonoaudiólogo deverá olhar a criança como um todo, treinar e orientar pais e escolas com frequência e fazer sua sessão terapêutica individualizada, usando recursos diferenciados para cada criança.